O Brasil é um país com imensas riquezas naturais, com um povo empreendedor capaz de suportar as mais variadas diversidades, mas alguém se pergunta: por que não somos um país mais desenvolvido? E eu respondo, porque deixamos escapar os detalhes básicos.
Um exemplo é a empregabilidade, um jovem quando chega a sua idade disponível para o trabalho depois dos 16 anos, pena para conseguir um emprego muitas vezes só consegue uma chance depois dos 21 anos de idade, e aí aparece uma incoerência, as empresas não estão dando oportunidades aos jovens, pois sempre querem profissionais com experiência, mas como ter profissionais com experiência se não dão as devidas oportunidades para a aquisição da experiência.
Então entra em cena o menor aprendiz, que para nossa surpresa vai até os 24 anos, então as empresas usam e abusam da capacidade produtiva deste jovem, muitas vezes sem dar oportunidades de contratação, e então este jovem volta ao mercado com mais dúvidas do que quando entrou, por que não foi direcionado adequadamente.
Outro fator são os modismos, muitas vezes solicitam que o profissional tenha certas habilidades ou capacidades que não serão utilizadas. Certa vez estava em uma organização que abriu uma vaga de emprego na área operacional, quando vi o anúncio perguntei ao RH sobre os requisitos, lá estava que o profissional precisava ter inglês e espanhol, o Rh me disse que foi uma solicitação do setor, interpelei ao chefe do setor se o profissional iria ter contato com pessoas de língua espanhola ou inglesa, o qual me disse: “Não, apenas quero nivelar por cima os novos empregados”, ou seja, se a pessoa não vai utilizar, por que solicitar tal habilidade? Temos que analisar com calma o que solicitamos nos requisitos para novos profissionais em nossas empresas.
Este mesmo jovem que teve problemas de conseguir um emprego no início de sua carreira, consegue o emprego, adquire experiência, mas aí surge uma nova incoerência: ele precisa planejar sua vida, sua carreira, mas não recebeu orientação para isso. Ele precisa se perpetuar no emprego, ou fazer reservas financeiras para uma idade mais avançada ou até mesmo empreender, pois após os 35 ou 40 anos de idade ele terá mais dificuldade de conseguir um emprego, é praticamente impossível conseguir outro emprego a partir desta faixa etária.
No Brasil as empresas preferem os jovens, mas o problema maior é que nossa Previdência Social permite que nos aposentemos depois de 35 anos de serviço e pelo menos 60 anos de idade. O que dá uma janela de pelo menos 20 a 25 anos até isso acontecer.
Os profissionais mais experientes com mais de 40 anos têm uma capacidade enorme de produção, pois já adquiriram a experiência necessária, os conhecimentos necessários, sua capacidade é imensa, a exemplo disso, em uma gestão anterior, foi nomeado para a Diretoria Geral da maior usina em produção de energia do planeta a Itaipu Binacional um idoso de 72 anos, o próprio governo nos mostra que, temos em nossos meios, profissionais capacitados com idade avançada.
E como estar atento às incoerências?
Simples, basta olhar para o cenário como um todo, em um país onde estamos caminhando para uma população de idade avançada, é preciso mudar o olhar, perceberonde estão as capacidades e onde poderemos incorporá-las, além de oportunizar o aprendizado dos mais jovens por meio de um maior número de programas de estágio, programas de menor aprendiz, mas com regras efetivas de preparação e contratação. Além de utilizar a força dos mais experientes, precisamos buscar o equilíbrio na base de conhecimento da população.
E claro, principalmente mudar a mentalidade da nossa classe empresarial, para que se possa permitir a formação de profissionais dentro de nossas empresas.
Assim, estaremos realmente nivelando por cima a capacidade intelectual dos nossos profissionais, pois além de dar a oportunidades aos profissionais mais idosos estaremos criando uma estabilidade social mais sustentável, além de equilibrar a capacidade produtiva de nossas organizações, uma vez que os mais experientes podem transferir tecnologia para os mais novos.